terça-feira, 12 de junho de 2007

História da Igreja - Parte 7

Os primeiros conflitos com o estado

Desde os seus inícios, a fé cristã não foi coisa fácil nem simples. O próprio Senhor a quem os cristãos serviam havia morrido na cruz, condenado como um malfeitor qualquer. Logo em seguida, Estevão sofreu uma sorte semelhante, ao ser morto apedrejado, depois de dar seu testemunho diante do conselho dos judeus.
Algum tempo mais a frente, o apóstolo Tiago era morto por ordem de Herodes. E a partir de então, até os nossos dias, sempre existiram pessoas colocadas em situações nas quais tiveram de selar o testemunho com seu sangue.
Mas, nem sempre as razões e as condições da perseguição foram as mesmas. Já nos primeiros anos de vida da igreja pode-se ver certa evolução neste sentido.

A nova seita judaica
Os primeiros cristãos não criam que pertenciam a uma nova religião. Eles eram judeus, e a principal diferença que os separava do resto do judaísmo era que criam que o Messias tinha vindo, enquanto que os demais judeus ainda aguardavam o seu advento.
Sua mensagem aos judeus não era, portanto, que tinham de deixar de ser judeus, mas ao contrário, agora que a idade messiânica havia sido inaugurada, eles deviam ser melhores judeus.
De igual modo, a primeira pregação aos gentios não foi um convite para aceitarem uma nova religião recém criada, mas foi o convite para fazerem-se participantes das promessas feitas a Abraão e à sua descendência.
Convidaram os gentios a se fazerem filhos de Abraão segundo a fé, já que não podiam sê-los segundo a carne. E a razão para que este convite fosse possível era que, desde os tempos dos profetas, o judaísmo havia crido que, com o advento do Messias, todas as nações seriam trazidas a Sião.
Para aqueles cristãos, o judaísmo não era uma religião rival do cristianismo, mas sim a mesma religião, muito embora os que a seguiam não entendessem que as profecias já se ha¬viam cumprido.
Do ponto de vista dos judeus não-cristãos, a situação era a mesma. O cristianismo não era uma nova religião, mas sim uma seita herética dentro do judaísmo.
Já vimos que o judaísmo do século primeiro não era uma unidade monolítica, mas que havia diversas seitas e opiniões. Portanto, ao aparecer o cristianismo, os judeus não o viam senão como mais uma seita.
A conduta daqueles judeus em relação ao cristianismo pode ser compreendida se nos colocarmos em seu lugar e procurarmos ver o cristianismo, a partir do seu ponto de vista, como uma nova heresia que ia de cidade em cidade tentando os bons judeus a se tornarem hereges.
Além disso, naquela época - e não sem fundamentos bíblicos — muitos judeus criam que a razão pela qual haviam perdido sua antiga independência e haviam sido reduzidos ao papel de súditos do Império Romano, era que o povo não havia sido suficientemente fiel à fé de seus antepassados.
Portanto, o sentimento nacionalista e patriótico se exacerbava diante da possibilidade de que estes novos hereges pudessem uma vez mais provocar a ira de Deus sobre Israel.
Por estas razões, em boa parte do Novo Testamento, os judeus perseguem os cristãos, que por sua vez encontram refúgio nas autoridades romanas. Isto se pode ver, por exemplo, quando alguns judeus em Corinto acusam Paulo diante do Procônsul Gálio, dizendo que "este persuade os homens a adorar a Deus de modo contrário à lei", e Gálio responde: "Se fosse, com efeito, alguma injustiça, ou crime da maior gravidade, ó judeus, de razão seria atender-vos, mas se é questão de palavra, de nomes, e de vossa lei, tratai disso vós mesmos; eu não quero ser juiz destas cousas" (Atos 18:14-15).
E mais tarde, quando se pro¬duz um motim no Templo porque alguns acusam Paulo de haver introduzido um gentio no recinto sagrado, e os judeus tratam de matá-lo, são os oficiais romanos que salvam a vida do apóstolo.
Logo, os romanos concordavam com os primeiros cristãos e com os judeus de que se tratava aqui de um conflito entre judeus. E, sempre que não se produzisse um alvoroço excessivo, os romanos preferiam que os próprios judeus resolvessem esse tipo de problema.
Entretanto, quando o tumulto era demasiado, os romanos intervinham para restaurar a ordem e às vezes para cas¬tigar os culpados. Um caso que ilustra esta situação é a expulsão dos judeus de Roma pelo imperador Cláudio, por volta do ano 51. Atos 18:2 menciona esta expulsão, ainda que sem explicar suas razões.
Mas o historiador romano Suetônio nos oferece um dado intrigante, ao nos dizer que os judeus foram expulsos de Roma porque estavam causando distúrbios constantes "por causa de Cresto". A maioria dos historiadores concorda em que "Cresto" é o próprio Cristo, cujo nome teria sido mal escrito.
Portanto, o que sucedeu em Roma parece ter sido que, como em tantos outros lugares, a pregação cristã causou tantas desordens entre os judeus, que o imperador decidiu expulsar todos eles.
Em Roma, naquele tempo, a disputa entre judeus e cristãos parecia ser uma questão interna dentro do judaísmo. Entretanto, à medida que o cristianismo foi se estendendo cada vez mais entre os gentios, e a proporção de judeus dentro da igreja foi diminuindo, tanto cristãos como judeus e romanos foram estabelecendo distinções cada vez mais claras entre o judaísmo e o cristianismo.
Há também certas indicações de que, em meio ao crescente sentimento nacionalista que levou os judeus a se rebelarem contra Roma e que culminou na destruição de Jerusalém, os cristãos — especialmente os gentios entre eles — trataram de mostrar claramente que eles não faziam parte daquele movimento.
O resultado de tudo isto foi que as autoridades romanas enfrentaram, pela primeira vez, o cristianismo como uma religião separa do judaísmo. Foi então que começou história dos dois séculos e meio de perseguições por parte do Império Romano.
Nesse contexto, a perseguição sob Nero foi de enorme importância, não tanto por sua magnitude, mas por ter sido a primeira de uma larga série de crueldade sempre crescente.
Mas, antes de passar a discutir a perseguição sob Nero, devemos assinalar um fato que teve consequências fatídicas para as relações entre os cristãos e os judeus através dos séculos.
Durante os primeiros anos do cristianismo, este existiu dentro do marco do judaísmo. Nessa situação, o judaísmo tratou de extirpá-lo, e disso há abundantes provas no livro de Atos e em outros livros do Novo Testamento.
Mas a partir de então, nunca mais esteve o judaísmo em posição de perseguir os cristãos, enquanto que muitas vezes estes tenham estado em posição de perseguir os judeus.
Quando o cristianismo veio a ser a religião da maioria, e os judeus se tornaram uma minoria dentro de toda uma sociedade que se chamava cristã, foram muitos os cristãos que, levados pelo que se diz no Novo Testamento a respeito da oposição dos judeus ao cristianismo, fomentaram o sentimento anti-judaico, chegando até o extremo de participarem de matanças de judeus.
Portanto, é de suma importância que nos apercebamos de que aqueles judeus que perseguiram aos cristãos no século primeiro o fizeram crendo servir a Deus, e que os cristãos que hoje tornam a situação ao reverso, e praticam o anti-judaísmo, estão fazendo precisamente o mesmo que condenam naqueles judeus do passado.

A perseguição sob Nero
Nero chegou ao poder em outubro do ano 54, graças às intrigas de sua mãe Agripina, que não vacilou ante o assassinato em seus esforços para assegurar a sucessão do trono em favor de seu filho.
A princípio, Nero não cometeu os crimes pelos quais depois ficou famoso. Ainda mais, várias das leis dos primeiros anos de seu governo foram de benefício para os pobres e os despojados.
Mas pouco a pouco, o jovem imperador se deixou levar por seus próprios afãs de grandeza e poder, e por uma corte que se desdobrava por satisfazer seus mínimos caprichos.
Dez anos depois de chegar ao trono, Nero já era desprezado por boa parte do povo, e também pelos poetas e literatos, a cujo número Nero pretendia pertencer sem ter os dons necessários para isso.
Todos que se opunham à sua vontade, ou morriam misteriosamente, ou recebiam ordens de se suicidar. Quando a esposa de um de seus amigos lhe agradou, simplesmente enviou seu amigo a Portugal, e tomou a mulher para si.
Todos estes fatos — e muitos rumores - corriam de boca em boca e faziam com que o povo sempre esperasse o pior de seu soberano.
Assim estavam as coisas quando, na noite de 18 de julho do ano 64, ocorreu um enorme incêndio em Roma. Ao que parece, Nero se encontrava, na ocasião, em sua residência de Antium, a umas quinze léguas de Roma, e assim que soube o que sucedia correu a Roma, onde tratou de organizar a luta contra o incêndio.
Para os que haviam ficado sem refúgio, Nero fez abrir seus próprios jardins e vários outros edifícios públicos. Mas tudo isto não bastou para afastar as suspeitas que logo caíram sobre o imperador a quem muitos já tinham por louco.
O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos lugares durante mais três dias. Dez dos catorze bairros da cidade foram devorados pelas chamas.
Em meio a todos seus sofrimentos, o povo exigia que se descobrisse o culpado, e não faltava quem se inclinasse a pensar que o próprio imperador havia ordenado o incêndio da cidade para poder reconstruí-la a seu gosto, como um grande monumento à sua pessoa.
O historiador Tácito, que provavelmente se encontrava então em Ro¬ma, conta vários dos rumores que circulavam, e ele mesmo parece dar a entender a sua opinião, pela qual o incêndio havia começado acidentalmente num depósito de azeite.
Mas, cada vez mais, as suspeitas recaíam sobre o imperador. De acordo com os rumores, Nero havia passado boa parte do incêndio no alto da torre de Mecenas, no cume do Palatino, vestido como um ator de teatro, tangendo sua lira e cantando versos acerca da destruição de Tróia.
Logo começou a propalar-se que o imperador, em seus desatinos de poeta louco, havia incendiado a cidade para que o sinistro lhe servisse de inspiração.
Nero fez todo o possível para afastar as suspeitas de sua pessoa. Mas todos os seus esforços seriam inúteis enquanto não se fizesse recair a culpa sobre alguém.
Dois dos bairros que NÃO haviam queimado, eram as zonas da cidade em que havia mais judeus e cristãos. Portanto, o imperador pensou que seria mais fácil culpar os cristãos.
O historiador Tácito parecia crer que o fogo fora um acidente, portanto, a acusação feita contra os cristãos seria falsa. Ele mesmo nos conta o sucedido:
— Apesar de todos os esforços humanos, da liberalidade do imperador e dos sacrifícios oferecidos aos deuses, nada bastava para apartar as suspeitas, nem para destruir a crença de que o fogo havia sido ordenado. Portanto, para destruir esse rumor, Nero fez aparecer como culpados os cristãos, uma gente odiada por todos por suas abominações, e os castigou com mui refinada crueldade. Cristo, de quem tomam o nome, foi executado por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. Detida por um instante, esta superstição daninha apareceu de novo, não somente na Judéia, onde estava a raiz do mal, mas também em Roma, esse lugar onde se narra e encontram seguidores de todas as coisas atrozes e abomináveis que chegam des¬de todos os rincões do mundo. Portanto, primeiro fo¬ram presos os que confessaram (ser cristãos), e baseadas nas provas que eles deram foi condenada uma grande multidão, ainda que não os condenaram tanto pelo in¬cêndio, mas sim pelo seu ódio à raça humana. (Anais, 15:44).

Estas palavras de Tácito são valiosíssimas, pois constituem um dos mais antigos testemunhos que chegaram até nossos dias do modo como os pagãos viam os cristãos. Ao ler estas linhas, torna-se claro que Tácito não cria que os verdadeiros culpados de terem incendiado Roma fossem os cristãos.
Ainda mais, a "refinada crueldade" de Nero não recebe sua aprovação. Mas, ao mesmo tempo, este bom romano, pessoa culta e distinta em sua época, crê muito daquilo que dizem os rumores acerca das "abominações" dos cristãos, e de seu "ódio pela raça hu-mana".
Tácito e seus contemporâneos não nos dizem em que consistiam estas "abominações" que supostamente praticavam os cristãos. Teremos que esperar até o século segundo para encontrar documentos em que se descrevem esses rumores maliciosos.
Mas seja o que for, o fato é que Tácito crê nesses rumores e pensa que os cristãos odeiam a humanidade. Isto se compreende se recordarmos que todas as atividades da época — o teatro, o exército, as letras, os esportes, e tudo o mais. — estavam tão ligadas ao culto pagão que os cristãos se viam obrigados a se ausentarem delas.
Portanto, diante dos olhos de um pagão que amava a sua cultura e sua sociedade, os cristãos pareciam ser misantropos (aquele que tem aversão à sociedade ) que odiavam toda a raça humana.
Mas Tácito prossegue, contando-nos o sucedido em Roma por causa do grande incêndio:
— Além de matá-los (aos cristãos) fê-los servir de diversão para o público. Vestiu-os em peles de animais para que os cachorros os matassem a dentadas. Outros foram crucificados. E a outros acendeu-lhes fogo ao cair da noite, para que a iluminassem. Nero fez que se abrissem seus jardins para esta exibição e, no circo, ele mesmo ofereceu um espetáculo, pois se misturava com as multidões, disfarçado de condutor de carruagem, ou dava voltas em sua carruagem. Tudo isto fez com que desper¬tasse a misericórdia do povo, mesmo contra essas pessoas que mereciam castigo exemplar, pois via-se que eles não eram destruídos para o bem público, mas para satisfazer a crueldade de uma pessoa (Anais 15:44).

Uma vez mais, vemos que este historiador pagão, sem mostrar simpatia alguma pelos cristãos, dá a entender que o castigo era excessivo, ou ao menos que a perseguição teve lugar, não em prol da justiça, mas por capricho do imperador.
Além disso, nestas linhas temos uma descrição, escrita por uma pessoa que não foi cristã, das torturas a que foram submetidos aqueles mártires.
Do número dos mártires sabemos pouco. Além do que nos diz Tácito, há alguns documentos cristãos dos fins do século primeiro, e do século segundo, que recordam com terror aqueles dias de perseguição sob Nero. Também existem indícios que dão a entender que Pedro e Paulo estavam entre os mártires de Nero.
Por outro lado, todas as notícias que nos chegam referem-se à perseguição na cidade de Roma e, portanto, é muito provável que a perseguição, embora muito cruel, tenha sido local, e não se estendesse às províncias do império.
Ainda que, a princípio, os cristãos fossem acusados de incendiários, tudo parece indicar que logo começou a haver perse¬guição pelo simples fato de serem cristãos — e por todas as supostas abominações que iam unidas a esse nome.
O próprio Nero deve ter se apercebido de que o povo sabia que se perseguia os cristãos não pelo incêndio, mas por outras razões. E Tácito também nos diz que no final das contas "não se lhes condenou tanto pelo incêndio e sim pelo seu ódio à raça humana".
Em vista de tudo isto, e a fim de justificar sua conduta, Nero promulgou contra os cristãos um édito que infelizmente não chegou a nossos dias.
Provavelmente, os planos de Nero incluíam estender a perseguição nas províncias, se não para destruir os cristãos nelas, ao menos para conseguir novas fontes de vítimas para seus espetáculos.
Mas no ano 68, boa parte do império se rebelou contra o tirano, e o senado romano o depôs. Prófugo (fugitivo, desertor ) e sem ter para onde ir, Nero se suicidou.
À sua morte, muitas de suas leis foram abolidas. Mas seu édito contra os cristãos continuou em vigor. Isto queria dizer que, enquanto ninguém se ocupasse em persegui-los, os cristãos podiam viver em paz; mas tão logo algum imperador, ou outro funcionário, decidisse fazer a perseguição, poderia sempre apelar à lei promulgada por Nero.
De imediato, ninguém se ocupou em perseguir os cristãos. Após a morte de Nero, seguiu-se um período de desordem tão grande que os historiadores chamam o ano 69 "o ano dos quatro imperadores".
Por fim Vespasiano pode tomar as rédeas do Estado e logo o sucedeu seu filho Tito, o mesmo que no ano 70 havia tomado e destruído Jerusalém. Em todo este período, o Império parece ter esquecido os cristãos, cujo número continuava aumentando silenciosamente.

A perseguição sob Domiciano
No ano 81, Domiciano sucedeu ao imperador Tito. A princípio, seu reino foi tão benigno à nova fé como o haviam sido os de seus antecessores. Mas no final do seu domínio iniciou-se novamente a perseguição.
Não sabemos com certeza por que Domiciano perseguiu os cristãos. Sabemos, sim, que Domiciano amava e respeitava as velhas tradições romanas, e que boa parte de sua política imperial consistiu em restaurar essas tradições.
Portanto, era de se esperar que se opusesse ao cristianismo, que em algumas regiões do Império havia ganho muitíssimos adeptos, e que em todo caso se opunha tenazmente à antiga religião romana. Além disso, agora que já não existia o Templo de Jerusalém, Domiciano decidiu que todos os judeus deviam enviar às arcas imperiais a oferta anual que antes mandavam a Jerusalém.
Quando alguns judeus negaram-se a fazê-lo, ou mandavam o dinheiro ao mesmo tempo que deixavam bem claro que Roma não havia ocupado o lugar de Jerusalém, Domiciano começou a perseguí-los e a exigir o pagamento da oferta. Já que ianda não estava total-mente delimitada a relação do judaísmo com o cristianismo, os funcionários imperiais começaram a pressionar todos os que praticavam "costumes judaico".
Assim, começou uma nova perseguição que parece haver sido dirigida não somente contra os cristãos, mas também contra os judeus.
Como no caso de Nero, parece que a perseguição não foi igualmente severa em todo o Império. De fato, é só de Roma e da Ásia Menor que temos notícias fidedignas acerca dessa perseguição.
Em Roma, o imperador fez executar o seu parente Flávio Clemente e sua esposa Flávia Domicila. Foram acusados de "ateísmo" e de "costumes judaicos".
Já que os cristãos adoravam um Deus invisível, em geral os pagãos os acusavam de serem ateus. Portanto, é muito provável que Flávio Clemente e sua esposa tenham sido mortos por serem cristãos. Estes são os únicos dois mártires romanos no tempo de Domiciano que conhecemos pelo nome.
Mas vários escritores antigos afirmam que foram muitos, e uma carta escrita pela igreja de Roma à de Corinto pouco depois da perseguição se refere a "os males e provas inesperadas e seguidas que sobrevieram a nós" (l Clemente 1).
Da perseguição na Ásia Menor sabemos mais, graças ao Apocalipse, que foi escrito em meio a essa dura prova. João, o autor do Apocalipse, havia sido deportado à ilha de Patmos, e, portanto, sabemos que nem todos os cristãos eram condenados à morte. Mas há muitas outras provas de que foram muitos os que sofreram e morreram em tal ocasião.
Em meio à perseguição, o Apocalipse mostra uma atitude muito mais negativa contra Roma do que o resto do Novo Testamento. Paulo havia ordenado aos romanos que se submetessem às autoridades, que haviam sido ordenadas por Deus.
Mas, agora, o vidente de Patmos descreve Roma em termos nada elogiosos, como "A grande rameira ... ébria do sangue dos santos, e do sangue dos mártires em Jesus" (Apocalipse 17:1, 6). E Pérgamo, a capital da região, é o lugar "onde está o trono de Satanás" (Ap 2:13).
Felizmente, quando se iniciou a perseguição o reinado de Domiciano chegava ao fim. Como Nero, Domiciano havia recebido fama de tirano e, por fim, foi assassinado em seu próprio palácio, e o senado romano fez com que se apagasse o seu nome de todas as inscrições e monumentos em sua honra.
Uma vez mais, o Império parece ter esquecido os cristãos. Assim, a nova fé pôde continuar se espalhando pelo Império, gozando de um período de relativa paz.

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